sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Vimos o sinistro na tv


Nós que fazemos o Jornal Informativo “Axé em Notícias”, ficamos muito chocados em assistir pela TV à destruição do Haiti. De vermos uma nação em apuros: corpos de milhares de pessoas mortas no desastre, apodrecendo no meio das ruas; pessoas famintas implorando por comida para saciar a fome e água para saciar a sede; foi emocionante ver o resgate de uma enfermeira gestante que passara três dias debaixo dos destroços, mas, que saíra com vida; o sofrimento das famílias de brasileiros que perderam parentes naquele lugar; aplaudimos a atitude de muita gente que faz, fazendo pelo povo haitiano; as importantes ajudas humanitárias de quase toda parte do mundo para aquele pobre país; lamentamos ao ver o corpo de dona Zilda Arns Neumann (uma verdadeira mãe do povo do Haití) ser transportado para o Brasil vítima do terremoto que arrasara a cidade de Porto Príncipe; vimos um povo subjugado ante a fúria da natureza e humilhados diante da mídia internacional. Nós perguntamos: qual será o futuro da criança que está sendo gerada no ventre daquela enfermeira grávida que fora resgatada com vida? Será que vale a pena nascer num país morto? O mundo todo está dando apoio ao Haiti, mas esse apoio será dado até quando? No momento o povo haitiano precisa enterrar seus mortos, alimentação, água, energia elétrica, moradia, precisam recuperar os seus bens materiais, mas insistimos em nos questionar quanto à questão moral e sentimental desse povo quem vai resgatar?  Quem vai trazer de volta os seus entes queridos que perdera suas vidas em conseqüência do terremoto e nem sequer tiveram direito a ter um funeral digno? Temos ciência da proporção do abalo sísmico (da magnitude de 7º graus na escala Richter), contudo, sabemos também, que se a estrutura onde foi edificada a cidade tivesse bases mais potentes à destruição seria em menor escala. Um país cuja economia é paupérrima, o índice de analfabetismo é gigantesco, precisa na verdade, sair das ruínas que a natureza lhe colocou para a sala de aula, para ter acesso à educação e só dessa forma irá recuperar sua dignidade, reconstruir os seus lares, entender sua própria cultura, ter respeito ás suas tradições, e criar um padrão de qualidade de vida para o seu povo e, doravante, terão condições de escrever uma história mais condigna. Se aquela enfermeira grávida que fora resgatada com vida, tivesse condições físicas para cavar um túnel embaixo da terra, ela provavelmente, rejeitaria a ajuda dos bombeiros que a tirara do inferno subterrâneo em que se encontrava para o inferno astral e coletivo que é a realidade do seu país, preferindo, seguir debaixo da terra até chegar num lugar seguro para assim, poder parir seu filhinho. Persistimos a perguntar nesse momento no Haití quem mais foi castigado se os mortos que perderam a vida ou os vivos que estão em condições subumanas? Quem morreu partiu do mundo natural para o mundo sobrenatural, pertencem a uma ordem divina, espiritual e os vivos que ainda estão sujeitos a toda sorte de misérias coletivas que a pátria-mãe haitiana poderá oferecer? Será que devemos apresentar o pedido de pesar a família dos mortos lamentando pela morte dos que se foram ou pela condição de vida miserável dos que ficaram? Seria heresia perguntar por que a mãe natureza castigou tanto esse povo já sentenciado pelas contingências do próprio destino? Queremos dedicar este artigo pra todos aqueles que direta ou indiretamente ajudaram o povo haitiano, bem como todos aqueles que acompanharam o sinistro pela TV e sentiram na pele o sofrimento de um povo e, puderam constatar o quanto o ser humano é frágil diante das forças da natureza. Muitos são fortes diante dos obstáculos e lutam obtendo êxito em seus propósitos, outros se sentem fracos vulneráveis perante os problemas do cotidiano e há os que se arvoram a ser Deus e se considera maior que tudo e que todos, não sabendo estes, que a vida é um sopro divino e, que este sopro é justamente a ligação entre a criatura que somos nós (pobres mortais) e o Criador que é Deus, o indestrutível.
Por Noamã t’Obaluwaiyé

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