Areia Branca é uma pequena cidade litorânea do
oeste potiguar. Está localizada a 47
km de Mossoró e 330 km da capital do Estado do Rio Grande do
Norte. A cidade é como uma ilha, pois está cercada de salinas e gamboas por
todos os lados. Situada na margem direita do rio Mossoró, a oeste do seu
território, ao norte, está limitada a vastidão do Oceano Atlântico. O único
acesso por terra até Areia Branca é a BR-110 que a liga a cidade de Mossoró.
Seu território possui atualmente 374 km2 e sua população, segundo os dados do último
censo, é de 25.736 habitantes. As primeiras incursões no território onde hoje
está situada a cidade ocorreram por volta de 1604 pelos portugueses e mais
tarde, em 1641 pelos holandeses, ambos atraídos pelos extensos depósitos de sal
por salinização natural nessa área (CASCUDO: 1955). Com a seca de 1877, uma
legião de flagelados invadiu a ilha de Maritacacas ou Ilha das Areias Brancas,
topônimos primitivos do lugar, passando assim a povoá-lo. Areia Branca
pertenceu à cidade de Mossoró até 1892, ano em que foi constituída como vila e
sede de município, e somente em 1927 foi elevada sua condição de cidade
(FAUSTO: 1978).
A origem das manifestações religiosas
em Areia Branca dar-se como em muitos lugares do Brasil, através de missões
católicas. No dia 1º de abril de 1916, foi criado o Centro Apostolado da Oração
por um bispo Diocesano da cidade de Natal, chamado Dom Antonio dos Santos
Cabral, numa de suas visitas pastorais corriqueiras na então vila. Em setembro
de 1919 a paróquia foi instituída em Areia Branca, desmembrando-a da freguesia
de Mossoró e transferindo a pequena capela de Nossa senhora da Conceição, atual
padroeira da cidade, para a categoria de igreja matriz (idem: 1978). Segundo o
escritor areia-branquense Deífilo Gurgel (2002), somente após a década de 1930,
outras formas de religiosidades foram constatadas na cidade, a saber, uma única
casa de culto protestante existente nesse período em Areia Branca, dirigida por
um seguidor de Lutero chamado Antônio Saraiva de Moura, conhecido como Antônio
do Mouco. Este era natural de Portalegre-Rn e residia em Areia Branca. Não
consta a informação de qual era a denominação protestante professada pelo
mesmo.
Já os cultos
afro-brasileiros, de acordo com a história oral, surgem na cidade por volta da
década de 1940. Nenhuma literatura ou registro escrito sobre esses cultos em
Areia Branca durante esse período foi encontrado. Nem mesmo nos documentos
históricos culturais, disponíveis na prefeitura da cidade existe alguma
notícia. Numa recente monografia escrita sobre a umbanda na cidade, o autor
José Edison S. Ferreira, relata como essas religiões surgiram na cidade a
partir da fala de seus entrevistados. Como havíamos comentado, toda e qualquer
notícia da origem dos cultos afro-brasileiros em Areia Branca é proveniente da
história oral, pois não existe qualquer documento sobre tal fato. Em pesquisa
realizada pela Antropóloga Eliane Anselmo feita com adeptos antigos dessas
religiões para contar como os cultos afro-brasileiros surgiram na cidade,
muitos diziam não lembrar ou não saber com certeza. O saudoso
escritor/historiador e também pai de santo de umbanda Sr. José Jaime Rolim, a
quem todos apontavam como o melhor informante para essa questão, foi um dos que
mais contribuiu no sentido de elucidar o nascimento de tais práticas religiosas
em nossa urbe. O saudoso pai de santo de Umbanda José Jaime Rolim fala como foi
o surgimento dessas religiões na cidade e segundo o mesmo a religião de matriz
africana veio para Areia Branca, a bordo dos a
vapor que vinham em busca do nosso produto maior que era o sal. foi
através da via marítima né? Quer dizer, vapozeiros que eram pais de santo na
Bahia, no rio, em outros Estados da federação, eles vinham nos navios aqui para
Areia Branca e, Areia Branca na época não tinha esse porto hoje, então
demoravam os
navios a embarcar o sal. Existiam
deles que chegavam a passar aqui até um mês. Então esse tempo que eles passavam
aqui era em terra, e aqui eles procuravam a casa de uma pessoa conhecida
indicada por um estivador, por um salineiros e ali eles trabalhavam. Como é o
caso do seu Oscar, considerado, chamado aqui de menino de ouro, um dos maiores
pais de santo que aqui já teve; João Teles... Baiano, inclusive um dos maiores
pai de santo que aqui já teve. Isso na década de quarenta. Foi mais ou menos em
quarenta e oito, a quarenta e nove, a cinqüenta que eles começaram a vir por
aqui. Então daí começou essa origem desses trabalhos[1]
Fonte: Dra. em Antropologia Eliane
Anselmo
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