sábado, 9 de outubro de 2010

FALANDO SÉRIO: O Vigário e o Vigarista


Há grande diferença entre o vigário e o vigarista: vigário é o título de pároco, no uso popular e vigarista é o trapaceiro que passa o conto-do-vigário. O sacerdote, independente da religião a que esteja ligado, deverá obedecer a éticas concernente a hierarquia religiosa a qual pertença. No meio espiritualista candomblé e umbanda, no Brasil, existe uma grande camada de excelentes sacerdotes que vão desde os mais renomados de linhagem aristocrática até outros de origens mais humildes, todos respeitáveis senhores, defensores de uma religião que está alicerçada nas raizes afro, cada um inserido dentro das suas tradições e culturas. Todavia, existe também uma categoria de falsos-sacerdotes que são verdadeiros mercenários do meio espiritualista que se mantêm a custa da fé do povo que por pura ignorância, segue esses fictícios devotos. Há, entretanto, aqueles que entraram na religião e instantaneamente já lhes são outorgado o título sacerdotal por pura conveniência da casa a que pertencem, recebendo o cargo antes do tempo determinado e, esses pseudo-sacerdotes, gerarão outros dando seqüência a toda uma casta de pretensos pais e mães de santo. Quem está apto a abrir casa de orixá é quem tem missão e recebeu o chamado do orixá, contudo, a habilitação se dar quando se cumpri todo o período de obrigações ritualísticas necessárias, que qualificará o iniciado preparando-o para o cargo, salvos os casos em que o neófito já vem de outra tradição religiosa, onde já possui status de babalorixá/yalorixá sendo reconhecido pelo órgão federativo que rege as casas de cultos espiritualistas, com licença para exercer o sacerdócio, e o aval da comunidade em que está inserido, nesse caso o que ocorre é uma mudança de nação e adaptação da casa, sendo preservado o cargo que já trouxera, contudo, o título sacerdotal dentro da nação em que acabara de se iniciar só lhe será concedido, após o mesmo cumprir com o tempo de sete anos de obrigações. Lamentavelmente, tem também, um tipo presunçoso que se auto-intitula como feiticeiro e que está por aí ameaçando pessoas com seus feitos diabólicos, apresentando um ritual com bases no impressionismo e assumindo uma postura fundamentada no medo e esse nefasto é objeto de pavor para os desinformados, que muitas vezes movidos pelo pânico, os serve. Caro leitor, quando você se dirigir a uma casa de culto espiritualista, procure primeiro fazer uma análise da pessoa do chefe (a) dessa instituição: Veja qual a sua proposta religiosa, seu comportamento dentro do âmbito social em que vive se tem respostas para suas indagações, se seus argumentos são convincentes e inerentes a sua proposição. Procure ainda, ter acesso ao regimento interno do terreiro, verificando se as normas são legais e se você se encaixa nelas. Desconfie daqueles que no ato da sua chegada já lhe oferece cargos dentro da casa como passaportes para o advento e permanência sua na mesma; observe se existe um objetivo religioso no ritual proposto pela casa. Imagine caro leitor, você ir a um determinado terreiro em busca de ajuda espiritual, e se deparar com o quadro subseqüente: encontrar o corpo mediúnico dessa casa usando trajes escandalosos ou curiosos, ouvir cânticos insinuativos e com duplo sentido, observar pessoas acostadas por criaturas que se identificam como sendo encarnações do demônio, outros incorporando entidades femininas, de duvidosos encantos, com trajes extravagantes, fazendo gestos obscenos, usando um vocabulário de baixo escalão, fumando e bebendo em demasia, numa teatralização do mais baixo nível...? É muito fácil entender que esse culto (?) faz apologia ao diabo, a libertinagem, ao fumo e a bebida e onde está o sentido religioso da coisa? Deus estaria inserido nesse ritual? Com certeza não.  Deus está muito distante de lugares onde reinam esse tipo de baixa vibração espiritual. Ta longe também, desse pseudo-ritual ser confundido com um culto umbandista ou candomblecista de qualidade. Tem outros indivíduos que se apresentam como candomblecista sem nunca ter se iniciado no candomblé e para estes fica a seguinte observação: Candomblé não é para quem quer e sim para quem é. Muitos se vestem de baba/iyá, e se escondem por trás de uma máscara que lhe foi concedida pela Iyá internet e/ou babá Orkut. O mais importante num sacerdote do candomblé é, além de ter respaldo no respeitante a sua doutrina religiosa, ter axé e, axé não se encontra dentro desse emaranhado de fios que é a internet. Axé se conquista. Axé é mérito, é concessão, é dádiva, é soma, é a força propulsora. O axé está intrinsecamente ligado ao caráter da pessoa. Quem não tem um bom caráter, dificilmente terá axé. Um sacerdote sem axé é como um corpo sem alma.
Edição do mês de junho/2010
Por: Noamã Jagun

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