sábado, 9 de outubro de 2010

PERFIL: Homenagem ao babalorixá Antonio Cruz


                  Diz o adágio popular que “quem trabalha Deus ajuda e quem faz pela vida tem”. Um exemplo bem forte desse aforismo é o babalorixá Antonio Cruz, que começou a trabalhar precocemente aos oito anos de idade, quando se achou no encargo de ajudar os seus genitores o operário de salina Augusto Ferreira da Cruz e a dona de casa Maria Paula da Cruz, a dividir as despesas da casa, abrindo mão, assim, da sua infância, saindo da condição de menino para menino-homem, já tomando para si a responsabilidade de um adulto, na luta pela sobrevivência.  
                Antonio Cruz nasceu na cidade do Assu/RN, onde recebeu o batismo cristão na igreja católica de São João Batista, contudo, teve seu registro de nascimento oficializado no cartório aqui da cidade de Areia Branca. Foi criado no bairro Baixa da Maré onde residiu até alcançar a sua maioridade. Concluiu parte dos seus estudos aqui em Areia Branca, tendo especialização em técnico em contabilidade. 
                Em 1966 viajou para a cidade do Natal juntamente com o inseparável amigo José Jaime e lá fez curso de licenciatura em história. Renomado professor que lecionou em diversos estabelecimentos de ensino da rede pública municipal e estadual, tendo também dirigido três órgãos de ensino aqui na cidade e em expansão ao seu trabalho foi diretor e professor do Ginasial Acadêmico Municipal Sagrado Coração de Jesus, na cidade de Grossos, onde na referida cidade exerceu ainda o cargo de Secretário Municipal do MOBRAL. Participou do Simpósio sobre a Problemática do Nordeste em Mossoró. Foi defensor dativo com várias atuações em nosso município nos anos de 1963 a 1970. Foi juiz de paz na cidade de Grossos nos triênios de 1974 a 1976. 
               Em 1954 Antonio Cruz, por motivo de doença foi procurar cura para o seu achaque através da espiritualidade e obteve êxito quando chegou á casa do pai de santo Eurico Cabeceira (in-memorian) e se manteve sob os cuidados do mesmo até o ano de 1958, quando a partir de então foi para o Terreiro de Santa Bárbara (da famosa yalorixá Francisca Edwirgens), permanecendo lá até o ano de 1967, época em que se desligou do aludido terreiro e em parceria com o amigo José Jaime e sua irmã Francelina Cruz, fundaram o Centro Guias Unidos (hoje Centro Pai José de Aruanda), onde por muitos anos cumprira com sua missão como religioso.  Antonio Cruz tem filhos de santo espalhados por toda a cidade. 
              Sua primeira obrigação dentro dos princípios da doutrina espiritualista foi com o babalorixá Pai Leó, fechando o ciclo de obrigações e recebido o tão merecido cargo de babalorixá. Em outubro de 2007 Antonio Cruz passou para as águas de ketu, fazendo obrigações na cidade do Natal, com um dos mais bem conceituados babalorixá do estado o babá obá walé Melquisedec t’ Sangó, no Ilé Asé Dajó Obá Ogodó, fazendo parte hoje de uma das famílias de axé mais bem estruturadas e prósperas do Rio Grande do Norte, a Família Melquisedec t’Sangó. Sua casa de culto é denominada Ilé Asé Dajó Obá Aganjú e fica localizada no Conjunto COHAB nesta cidade. Aposentado, casado com a Sra. Luzia Cruz (iniciante no candomblé) com quem teve dois filhos Ícaro Cruz (iniciando no candomblé) e Igor Cruz (iniciado no candomblé), que são herdeiros do seu espólio material e espiritual.   
              Atualmente Antonio Cruz está escrevendo a sua autobiografia em prosa e verso e também um livro que fala sobre a história de uma Areia Branca que ainda não foi contada. Ficamos ansiosos e aguardando que essa obra seja difundida o mais breve possível, para que possamos fazer o lançamento da mesma em grande estilo e assim poder nos reportar a história dessa Areia Branca até então desconhecida por todos nós.
Edição do mês Junho/2010
Por: Noamã Jagun

Um comentário:

  1. Sou suspeita para comentar levando em conta que ele é meu pai mas é uma pessoa muito especial. um homem de bem um ótimo pai,excelente professor....

    ResponderExcluir