quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

CRONICA: A Beleza das Coisas


              Existe dentro de cada um de nós algo muito mais valioso que o que nos é passado em forma física. A beleza do físico às vezes enche os olhos e desperta os desejos, mas nem sempre enche o coração. A beleza cria expectativas, porém não tem o poder muitas vezes de realizá-las. Ela foi cantada e louvada sobre tantos aspectos em tantas diferentes épocas. Ela é subjetiva; já se viu beleza nas guerras, nas gorduras a mais, nas gorduras a menos, na seca, na lágrima, no riso, no quadro de Da Vinci, nas descobertas de Galileu
nos cálculos matemáticos de Pitágoras, na filosofia de Sócrates e Platão, na medicina de Hipócrates, nos ensinamentos de Jesus, no encantamento de um Orixá.
            Discordo do mestre Vinicius de Morais quando diz no seu exigente “Receita de Mulher”(poema) a clássica e conhecida frase: “as muito feias que me perdoem, mas beleza é fundamental”. Cada um tem sua beleza específica e acho que as pessoas se tornam feias pelas suas atitudes e não pelo físico. Acontece que as pessoas em sua grande maioria costumam agir mediante estereótipos e costumam fazer uma classificação maldosa dos outros, esquecendo que a formação moral de um undividuo é bem mais importante e peculiar que as coisas visíveis e materiais. Eu nunca me interessei por ninguém levando em contas fatores materiais, até porque acredito na pessoa não no que ela tem ou pode me fornecer.  Claro que se a pessoa é linda por fora e ainda mais por dentro é uma junção perfeita. A beleza é uma coisa pra ser vista de várias formas mesmo, existem diferentes tipos de beleza e pra mim não existe um protótipo de beleza universal. Muitas pessoas não possuem uma beleza física e não é preciso ser ou não bonito, mas ter uma essência bonita isso é mais importante, pois a casca cai um dia, mas a beleza natural de ser nunca acaba.  A maior beleza de um ser humano não se pode ver com o sentido da visão. Ela é bem mais profunda, mais concreta, não pode ser medida, mas é percebida pelo coração. Quando a nossa imagem humana se alia ao nosso reflexo de espiritualidade forma-se o elo completo daquilo que realmente somos.
             Mas o que é beleza? Será um rosto perfeito, um corpo sob medida, uma arte irretocável? O que chamamos de belo é bonito para todos? Vejo beleza nas folhas enverdecendo em tempos de seca, no sorriso da criança faceira, vejo beleza na mão que dá sem precisar ser pedida. Na canção mais leve e no poema mais simples. Vejo beleza do orvalho, no encontro eclipto entre a lua e o sol, nas páginas antigas de um livro, nos ensinamentos de um velho, vejo tanta beleza, que acho que distorço esse conceito tão dissimulado por ai. Procuro ver a beleza das coisas.
Por Noamã Jagun
Edição do mês de setembro/2010   

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