quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

FALANDO SÉRIO: Entre a Cruz e a espada


           Entristeço-me sempre que vejo passar de frente a minha casa, o que é corriqueiro, jovens drogados, recrutas de um veterano vício maldito herdados de uma milenar necessidade humana de buscar a felicidade através de estímulos e como o nosso sistema nervoso central é uma máquina de produzir estímulos (dor ou prazer) e o uso de drogas afeta estes estímulos, no inicio para a busca do prazer, mas com o uso demasiado, danos á saúde. É revoltante ver a destruição desses jovens que ingressaram nesse mundo sinistro e mais revoltante ainda é poder constatar que esse agravante faz parte de uma realidade em nível nacional que assola toda a sociedade brasileira.
           Sabemos que é estritamente proibido o consumo de drogas alucinógenas no Brasil, e não-obstante a proibição do uso de tão letal produto, ele é vendido e queimado em cada esquina e a todo instante, lamentavelmente, fazendo parte do nosso cotidiano. Antes seu uso era feito de modo mais discreto (às escondidas) e aparecia apenas no meio marginal onde chafurdam determinados seguimentos da nossa sociedade, hoje, a sua ingestão está sendo feita publicamente sob os olhares covardes de uma sociedade que atônita cruza os braços e ver seus filhos serem levados pelas mãos dos aliciadores de plantão que alienados que são, impingi aos mesmos seus produtos e seu desvario.
           Muitas vezes me pego a pensar que se o consumo de drogas fosse liberado no Brasil poderia mudar todo esse quadro, pois impediria toda essa poderosa máfia do trafico de agir e até destruiria esse poder paralelo que reina nos quatro cantos desse país (em maior ou menor escala).
            Havendo a liberação da droga todo cidadão poderia comercializá-la livremente, o que evitaria o enriquecimento precoce e ilícito dos chefões do trafico e fecharia as tão procuradas bocas de fumo. O estado cobraria o imposto sobre a circulação da mercadoria que poderia ser vendida em farmácias especializadas ou a revelia, desbancando os grandes comerciantes e distribuidores desse artigo. Com o dinheiro arrecadado dos impostos o estado investiria em clinicas de recuperação de viciados e em campanhas educativas.
         Os mafiosos, por sua vez, perderiam todo o poder que tem e exerce sobre aqueles que são dependentes de seus produtos.  Sei que a legalismo ou não dessa substância, em um determinado contexto sócio-cultural, não é determinado pelos prejuízos que ela traz a saúde individual ou coletiva, mas obedece a grandes interesses religiosos, econômicos e políticos. Pode ser devaneio meu pensar na possibilidade de ver a liberação de algo que sou extremamente contra, mas a droga é proibida por lei e, contraditoriamente, passa incólume pelas nossas fronteiras e circula livremente em nosso meio como se fosse um produto de primeira necessidade. Talvez se liberada possa a ter menos valor para os que dependem dela; talvez o fato de ser proibida a torne mais atraente e mais saborosa. Adão e Eva, certamente, só comeram o fruto da árvore do bem e do mal porque o fruto era proibido. As coisas proibidas são mais cobiçadas. Chamam mais a atenção. Tem um sabor inigualável.
          Não quero aqui fazer apologia ao livre comércio das drogas, e alguém pode até dizer que estou viajando nessa idéia, mas o que vejo são muitos jovens e também adultos viajando numa nave tóxica e nada posso fazer para impedir que essa viagem de encontro ao nada aconteça.  Que é preciso mobilizar todo mundo sabe e quantas campanhas de mobilização nacional já foram feitas? Na verdade é preciso que seja tomada uma atitude mais drástica no sentido de aniquilar o poder e força dos xerifes das drogas, fechar os carteis e assim, solucionar o problema. É polêmico pensar desse modo, mas melhor soltar as feras que armazená-las e vê-las me ferindo.
Por Noamã jagun
Edição do mês de outubro/2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário