quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

CRÔNICA: Sonho Como Cinderela


          Embora não possamos adivinhar o tempo que será, temos sim, o direito de imaginar o que queremos que seja. Que tal começarmos a exercer o jamais proclamado direito de sonhar?  Que tal delirarmos um pouquinho? Vamos fixar o olhar num ponto além da infâmia para adivinhar outro mundo possível? Seria possível viver num mundo onde as pessoas se respeitam mutuamente, um mundo sem preconceito, sem ambição desenfreada, sem drogas e sem violência, sem ira e sem maldades? Onde negros e índios são considerados gente. Um mundo onde as pessoas não precisem se embriagar para anestesiar uma dor e nem usar do mesmo artifício para comemorar uma vitoria. Onde se possa exercer livremente a religiosidade, sem discriminação. Um mundo de paz e amor onde exista o compromisso de sermos nós mesmos, pessoas humanas, pois somos o elo condutor desse ciclo que nunca acaba, fomos feitos para estarmos juntos, mesmo que separados, somos a semente que já germinou há tempos, somos a certeza de uma grande incerteza, somos quem sabe pequenos deuses a procura da perfeição. Porque não acreditar nisso? Porque não sonhar com isso? Vamos imaginar a vida a uma peça de teatro, onde Deus é o autor da obra, o destino o seu produtor e nós somos atores com poder de mudar as falas. Nesse palco enorme em que fazemos nossas apresentações acontecem dramas, romances, comédias e fábulas. Vamos nos permitir sonhar sem nos chocarmos com certas realidades. Nesse palco toda a humanidade se encontrou quando o elenco ainda estava em plena fase de escalação e fomos destinados para sermos irmãos e/ou amigos, mas rebeldes e travessos ludibriamos o enredo e criamos nossa própria história, (em função do nosso livre arbítrio) a nossa historia de amor eterno. No decorrer desse nosso enredo criamos capítulos magníficos, tivemos torcida sempre a favor. O olhar preconceituoso não fez parte dessa história.
            Não somos mais do que podemos e seremos aquilo que quisermos ser, pois querer é poder quando se ousa querer. Não há enigmas que não possam ser revelados e todos conhecerão o tesouro que há em cada um e as águas azuis do manto de Yemanjá limpa a alma no revoar das aves que voam livres dentro de nós. Por isso entre o entardecer do dia na paisagem tão bela, sonho como Cinderela, olhando as rosas e imaginando um mundo sem espinhos, sem dor nem rancor um mundo enraizado no amor.
Por Noamã Jagun
Edição do mês de outubro/2010
   

Nenhum comentário:

Postar um comentário