quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

FALANDO SERIO: Preconceito


             Quem tem preconceito é porque foi assim educado, pois os conceitos pré estabelecidos são advindos de uma criação arraigada numa cultura arcaica e que nunca deveria ter sido despertada.
             Há preconceitos de todos os tipos e de diferentes formas, todos muito doloridos para aqueles que o sofrem. Se é de raça, não há sentido em ser (a espécie humana não possui raça), é como se fosse a renegação do próprio sangue, pois a cor deste é a mesma para todos e este corre em todas as veias. Se somos iguais perante a lei divina, por que nos tornamos diferentes e soberbos diante dos homens? Temos aqueles que considera a mulher um ser inferior, e antigamente até sem alma, um objeto de uso masculino, uma cria doméstica que ousou se rebelar e tentar quebrar as correntes. As mulheres são mais numerosas, mas com menos direitos, menos trabalho, menos salários. De preconceito todas sofrem em maior ou menor grau: “mulher no volante, perigo constante!”, “piloto de fogão!” e assim vai... Se for loira ainda mais, se for negra é de menos e de nada para muitos.
            O que discrimina pela crença, alem de ser ignorante é idiota. Pois crer em algo subjetivo e particular, que às vezes se reflete no coletivo e outras não. A fé seja de que maneira se manifeste é a exteriorização de uma luz interior e seja Buda, Alá, Oxalá ou Deus fortalece o homem e o ajuda a seguir. Ser belo, ser feio, tudo se transforma em pecado... Ser pobre também gera olhares tortos, comentários maldosos e depreciação e por incrível que pareça se há a riqueza não é diferente.
            Tudo parte dessa mania torta da humanidade de querer estereotipar a perfeição e apontar o dedo na direção do outro esquecendo de se abrir para si mesmo. Vemos nos outros, muitas vezes, o que tememos ter em nós mesmos e direcionamos para os outros as nossas piores coisas, como se melhorasse as nossas. Quanto engano temos. Se somos brancos, amarelos, negros ou azuis isso vai definir o que? De que importa aos outros a nossa opção sexual? Se me visto diferente de fulano o que é que tem? Se ganho mais, se ganho menos, de que importa ao meu vizinho? Se creio de uma forma diferente da massa, minha fé é menor?
            Toda forma preconceituosa de pensar causa violência, causa dor, repúdio e revide. É a quebra do que é mais essencial no homem, que é o respeito por ele mesmo e pelo outro. Sem respeito se acaba as boas regras da convivência, se criam os adversários e se provocam as guerras. Sem respeito se marginaliza o homem, lhe negando a condição maior que possui: a de ser gente e se tornar cidadão. Sou contra a todos os tipos de preconceitos, ou de conceitos prévios, já os sentir na pele de forma veemente. Por ser praticante de uma religião de matriz africana, por fazer do candomblé minha filosofia de vida, por quebrar tabus, por soltar a língua, por criar, por crer. 
            Não podemos agradar a todo mundo, mas não podemos querer que todos sejam feitos da mesma forma. Somos livres para ser o que quisermos e agir da maneira que nos convier, mas há uma ressalva: “O nosso direito termina onde começa o do outro” e é o esquecimento desse detalhe que nos torna preconceituosos e desumanos.  
Por Noamã Jagun
Edição do mês de agosto/2010

Um comentário:

  1. Meu caro conterraneo Noamã Jagun. Quero parabeniza-lo por suas cronicas. Seu jornal é excelente. Me emocionei com o texto em mem´ria do nosso querido amigo Zé Jaime Rolim.Você nos orgulha pelo excente texto e inteligencia, esse privilégio é do areiabranquense. Vai em frente Noamâ, continue pois os mais novos muito aprenderão com a leitura. Na foto sua mãe é a mesma pessoa que tive a oportunidade de conhecer. Um grande abraço e obrigado pela deferencia a meu blog. Aristides Siqueira

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